30/12/202112:02:46
Esta entidade tem cadastro recente no Banco CEAGESP de Alimentos, tendo enviado o ofício em 22 de abril de 2020. O total é de nove entregas e 3.991 kg de alimentos entre 28 de abril do ano passado, data da primeira entrega, e 26 de novembro de 2021. Porém, a história da ABCD Nossa Casa remonta a 8 de abril de 2000.
“Foi marcado o dia para eu deixar minhas crianças lá. Quando virei as costas, começaram a chorar”, conta Rosa de Oliveira Santos. “Eu me considerei a pior mãe do mundo, mas hoje, 21 anos depois, digo que foi a melhor escolha que fiz em minha vida”, completa, a respeito do tempo em que sua filha, hoje com 25, e seu filho, hoje com 24, ficaram morando no abrigo. Eles dois estão entre os primeiros a morar no abrigo, tendo ficado lá em dezembro de 2000.
‘Resolvi com meu marido e meus filhos criados dar assistência”, conta Solange Palma Torelli, diretora presidente e uma das fundadoras da instituição, que acabou sendo confrontada com uma dura realidade que contrastou com sua intenção inicial de ajudar um grupo de crianças até que chegassem à faculdade. “Vi que não era suficiente. Tinha criança que preferia dormir embaixo da ponte para não ficar longe da mãe”, relembra.
“No começo achávamos que iríamos só atender crianças e adolescentes, mas passamos a atender famílias”, conta Solange. A razão disso foi justamente verem como estavam principalmente as mães das crianças que solicitavam ajuda à entidade, muitas delas vindo por indicação do Conselho Tutelar. Com a crescente atenção exigida pela entidade, localizada no bairro paulistano do Sumaré, ela inclusive largou o escritório de advocacia, hoje tocado por seus sobrinhos e uma das pessoas jurídicas que ajuda no sustento da ABCD.
Entre as mães que foram também ajudadas nessa história, está Rosa, cujos filhos tinham respectivamente 3 e 2 anos quando tomou a dura decisão de deixá-los aos cuidados da entidade. “Durante meses meus filhos ficaram na ABCD e eu só fazia visita. Como não tinha casa, não os levava”. Foi nesse momento em que as vidas das duas entrevistadas se cruzaram. “A doutora Solange, mesmo sem me conhecer, acreditou em mim e em meu potencial, assim como todos que fazem parte da entidade”. Isso se traduziu em uma ênfase nos estudos. “Ela decidiu me dar mais uma oportunidade e pediu para que eu voltasse a estudar. Eu só tinha o primário”, conta. Outra parte do reerguimento acabou sendo no sustento pessoal. “Além de ser uma mãe que deixava os filhos, passei a trabalhar lá”, conta a hoje formada em pedagogia e orientadora socioeducativa da associação.
Para Rosa, o período na ABCD foi entrecortado. “Durante dez anos precisei me ausentar para tratar um câncer. Foram muitos anos de tratamento para me curar e, depois que superei isso, retornei”, conta a hoje mãe orgulhosa de uma filha de 25 anos que estuda ciências sociais na Unifesp e um filho de 24 anos que trabalha e planeja entrar na faculdade ainda em 2022. “Consegui comprar um apartamento e ter estabilidade financeira. Foi a melhor coisa que aconteceu”, enumera.
Ela não foi a única que teve ajuda da entidade, que também deu a outras mães capacitação nos ramos de culinária e cabeleireiro. Entre os planos futuros, está a criação de um bazar para que elas exponham seus produtos.
Hoje atendendo 350 crianças, o alcance da entidade acaba atingindo aproximadamente 1.700 pessoas em 252 famílias. Os principais lugares atingidos pelo trabalho da ABCD Nossa Casa são as comunidades do Gato e do Moinho, além de ocupações na região do Bom Retiro. Os trabalhos envolvem projetos sociais, além daqueles relacionados a educação e cultura, que mobilizam um total de 40 funcionários e 100 voluntários. Nos últimos cinco anos, crianças com deficiência também passaram a ser atendidas.
A ABCD tem um abrigo para crianças e adolescentes que aborda aqueles em situações de risco pessoal e abandono. Este registrou até hoje um total de 53 adoções e 70 reaproximações familiares. Há também um centro de atendimento para crianças e adolescentes que oferece oficinas e atividades. A entidade também tem uma orquestra que já se apresentou no Hospital Beneficência Portuguesa e em asilos de idosos. “Dois integrantes já tocaram com o João Carlos Martins”, conta Solange. Ainda no campo da música, também há percussão.
Além das doações de alimentos do BCA, a entidade tem convênios com empresas particulares, como a firma de auditoria EY, parceira praticamente desde a fundação, e assinou termo de colaboração com a prefeitura paulistana. Além disso, também conseguiu que os adolescentes trabalhassem como Jovem Aprendiz a partir dos 15 anos e firmou convênio com a Cultura Inglesa para ensino de idiomas. A ABCD Nossa Casa também tem como fonte de sustento a doação de pessoas físicas e também aceita doação de Nota Fiscal Paulista. Quem quiser ajudar pode contatar o website, além de ter os contatos abaixo:
Associação Beneficente à Criança Desamparada Nossa Casa
Rua Cotoxó, 970, sala 111, Sumaré, São Paulo (SP)
CEP 05021-001
e-mail: contato@abcdnosssacasa.org.br
Tel.: (11) 4563-0608/5237
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