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11/9/202509:02:41

Entidades cadastradas no BCA paulistano aprendem mais sobre fontes de arrecadação


Obter recursos sempre gera preocupação para entidades filantrópicas. Por esse motivo, a segunda-feira (08/09) foi dia da palestra de Daniel Faria no Auditório Nelson Loda, direcionada aos representantes das organizações cadastradas na unidade paulistana do Banco CEAGESP de Alimentos (BCA).

O fundador das Obras Recreativas Profissionais Artísticas e Sociais (ORPAS), entidade que atua na região da represa de Guarapiranga, tem uma ampla experiência na captação e expôs de maneira prática algumas questões cotidianas desse tipo de trabalho e o obstáculo que há inclusive na cultura brasileira quando o assunto é doar. “Achamos que nossas ONGs são tão extraordinárias e pensamos que todo mundo tem de nos ajudar. Quando começamos a tirar do bolso para pagar contador e advogado, vemos o peso das despesas”, conta.

Em sua exposição, mostrou que o conceito de recursos vai para além de simplesmente o financeiro. “Se a gente não tem o dinheiro e tem um ideal que achamos bonito, temos de ter capacidade de mobilizar as pessoas, que são o primeiro recurso”, declara e lembra de que o dinheiro é apenas uma ferramenta para viabilizar o que se deseja. “Quando perguntam de que a gente precisa, a resposta é ‘dinheiro’. Conversando aqui, vocês já viram que precisam de cozinha, salão e outras coisas”, destaca.

Assim como em uma empresa comum, uma das grandes questões nas filantropias é saber trazer os talentos para perto. “Se eu não sei fazer convite para o Instagram, vou fazer ou chamar quem sabe?”, exemplifica.

Quando o assunto é visibilidade, é importante “existir” no imaginário popular. “Sou o maior crítico da Internet, mas estou nela. Tem postagem minha que já deu 4 milhões de interações”, conta Daniel, que recorda inclusive ser tal presença um diferencial importante para arrecadar ou mesmo conseguir ser aprovado em editais. “Alguém já bateu à porta de vocês para ver o trabalho? Eles vão ver Facebook, Instagram e site, pois são milhares de inscritos. Você daria R$ 300 mil para quem não tem site?”, indaga.

Outra fonte que ele sugere é a troca de divulgação. “Vamos supor que consegui 5 toneladas do BCA, mas preciso de R$ 5 mil por mês para comprar as sacolinhas e entregar com dignidade aos atendidos. Você pode criar uma doação recorrente, com contrapartidas, como certificado, boné da ONG ou expor seu nome no site”, sugere. Ser um doador pode inclusive gerar mídia espontânea. “Quanto custam 30 segundos no ‘Fantástico’? Com a parceria, você pode oferecer essa exposição a um preço muito menor quando te entrevistam”, alerta.

Ele também não deixou de lado uma fonte costumeira de arrecadação das ONGs, que são os jantares e festas, pedindo para que pensem grande e envolvam mais gente. “Organizar um evento maior dá quase o mesmo trabalho que um menor. Por vezes, tire o evento de sua sede física e use um salão de igreja ou de time de futebol”, conta, deixando uma interrogação na cabeça dos presentes. “O que dá mais impacto: a feijoadinha para pagar a luz ou a feijoadona para garantir o semestre?”.

Outro exemplo que deu envolve mapear o que há de relevante no local em que a entidade opera. “Pega um rapper local, o pessoal do samba, leiloa um grafite. “, sugere. “Você tem as empresas em suas próprias redondezas e isso inclusive pode ajudar a manter esse negócio funcionando”, recorda.

Quando a doação é de pessoa jurídica, Daniel passou o caminho das pedras aos presentes. “Uma empresa quer investir em projetos vencedores e ninguém investe no que está quebrando”.

Outra sugestão que deu foi a de diversificar as fontes de financiamento, para o que lembrou que Canção Nova e Greenpeace são majoritariamente financiados por pessoas físicas. Entre as tendências que mencionou, uma está bem presente na chamada Geração Z, os nascidos entre 1996 e 2010. “Entre os jovens, está se falando muito de propósito, especialmente na classe média-alta. Vai para as faculdades mais caras e oferece sua ONG como a possibilidade de ter esse propósito”.

Considerando a barreira cultural que o Brasil oferece para alguém doar regularmente, Daniel menciona pensar em como apresentar sua organização ao exterior. “Um exemplo disso é a Associação Comunitária Monte Azul, na Zona Sul”, expõe.

Antes de abrir espaço para perguntas, Daniel resumiu em alguns passos. “O primeiro passo é revisar o propósito de sua entidade e deixá-lo bem claro nas redes sociais. O segundo, pegar um canal da Internet e investir nele. O terceiro é mapear cinco empresas locais e comunicar a elas seu propósito. Já o quarto é criar um calendário anual de arrecadação. Por fim, meça os resultados e divulgue-os em suas redes para seus colaboradores saberem”, incentiva.




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