22/5/201705:12:04
Há quem não viva sem seus amados animais de estimação. Os pets mais comuns de serem adotados são os cachorros e gatos, mas na CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) há um funcionário que adotou um bicho diferente, a abelha.
Luciano Legaspe é geógrafo e tornou-se apicultor há cerca de 15 anos quando ele já atuava no controle das pragas no Entreposto Terminal São Paulo. Ele conta que até tinha medo do inseto, mas sua vida mudou quando teve que decidir sobre o que fazer com uma colmeia de abelhas no entreposto há mais de uma década já que queriam exterminar os insetos dali.
“Falei ‘não, matar não vai, eu não autorizo’, mas eu precisava de uma solução. Então não matar era minha determinação, mas eu precisava de uma autorização e eu não tinha a menor ideia do que fazer, liguei para o corpo de bombeiros, para o IBAMA, para a zoonose, liguei para todos os órgãos públicos e nenhum órgão público fazia esse trabalho e eu entrei em desespero porque eu não queria matar mesmo!”
O apicultor tanto fez que conseguiu encontrar um senhor que mantinha uma criação de abelhas em seu sítio, mas no caminho para o local acabou ouvindo do especialista que ele mesmo tinha perfil para a apicultura.
“Eu morava já num terreno grande, isso era umas duas da manhã, levei o enxame lá para casa, ele me explicou mais ou menos como eu tinha que fazer e eu não tinha a roupa, eu não tinha nada, deixei ele na casa dele, voltei para cá (São Paulo), eu nem dormi aquela noite.”
Na manhã seguinte, o geógrafo conversou com a diretoria da época sobre a importância de preservar as abelhas vivas e procurou a APACAME (Associação Paulista de Apicultores e Criadores de Abelhas). A associação oferece um curso para iniciantes na prática. Luciano explica que o trabalho diferencia-se em dois aspectos: de criação das abelhas locais e de captura do inseto para que ele seja direcionado para ambiente próprio.
Naquela época, o então presidente da CEAGESP que o Departamento de Administração de Recursos Humanos autorizou financiasse o curso de na APACAME para alguns funcionários. “O único que sobrou dos cinco foi eu. Os outros não deram continuidade, eles aprenderam, mas não fizeram e aí achei muito bacana e continuei estudando.”
Novamente ele contou com a ajuda de outros simpatizantes das abelhas: “Quando aparecia abelha aqui na empresa eu fazia a captura e levava para um sítio de um funcionário nosso que produz mexerica, o pai dele também já tinha umas caixas no sítio e a gente foi aprendendo a fazer a captura aqui de uma maneira primitiva.”
A paixão por esses insetos o fizeram comprar um sítio onde mantém uma criação de abelhas. O valor arrecadado com sua venda de mel, Luciano usa para viajar para participar a cada dois anos do encontro mundial de apicultores que acontece anualmente. Em 2017 o evento acontecerá em Istambul. Sua esposa e filho ajudam com a comercialização.
Além do medo que algumas possam ter em relação a picada de abelha, há alguma dificuldade em capturá-la:
“Ela é um animalzinho pequeno, entra em qualquer buraquinho e normalmente se aloja em locais de difícil acesso até para própria segurança delas, é difícil ela ficar num jeito indisposto que fica fácil até para você pegar, não é do hábito da abelha fazer isso então a abelha sempre se esconde em lugares de difícil acesso.”
O funcionário destaca que por mais que o apicultor tenha que ficar “brigando” com o animal, o maior objetivo e deixa-las vivas. “O apicultor não quer matar nenhuma, ele não tem interesse nenhum em fazer isso, mas ele tem que ter um domínio técnico para garantir que as abelhas se tranquilizem mesmo num momento em que você está arrancando ela da casa dela, o que faria qualquer ser humano ficar muito bravo.”
Luciano atualmente está no Banco CEAGESP de Alimentos, setor que destina as doações dos comerciantes locais, após seleção, para instituições de caridade e população em situação de vulnerabilidade. Ele compartilha seu conhecimento com todo funcionário, vendedor e frequentador da Companhia que tenha interesse em saber mais sobre a apicultura.
“O apicultor não é uma pessoa que aprende algo e esconde, ele sabe que é fundamental ensinar para o outro porque a nossa função como apicultor é garantir que as abelhas fiquem vivas. Se você produz mais mel que eu essa é sua expertise, mas em relação a captura um ensina o outro. Não tem porque eu esconder uma coisa que eu sei fazer porque eu não estou criando com isso um problema para o apicultor, eu estou criando um problema para a abelha.”
Para esse segundo trabalho também é preciso muita dedicação: “Ele tem que passar o ano todo arrancando mato em volta da casa, cuidando para que as abelhas não sejam atacadas, por exemplo, por formigas ou outro enxame querendo lutar para poder roubar o mel daquela caixa, um enxame distante. Então o apicultor tem um trabalho quase diário para garantir que a abelha possa fazer o trabalho dela independente a ele e o mel é um presente e presente não se ganha todo dia.”
Parabéns, apicultores!
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