O dia era 1º de março de 1983 e a preocupação era com a inauguração do entreposto de Franca (CEFRA) pelo governador da época, José Maria Marin. A iniciativa de uma unidade da CEAGESP nesse município veio do prefeito da época, Maurício Sandoval Ribeiro, que solicitou ao governo estadual, à época dono da empresa. “Os feirantes trabalhavam na rua, enfrentavam chuva e outros contratempos e, por esse motivo, precisavam de condições de trabalho mais dignas”, conta Ana Cláudia Fontanezi, gerente do entreposto desde novembro de 2020.

Isso se traduziu em um terreno de 16.762 m², sendo 2.970 m² construídos, com comercialização mensal média de 1,9 mil toneladas correspondendo a aproximadamente 0,3% do total da rede CEAGESP.

Sua localização naturalmente estenderia a influência para além das divisas estaduais. “Franca fica a 21 km da divisa com Minas Gerais e, por isso, nossa unidade atende em torno de 20 municípios entre São Paulo e Minas. É também entreposto que é influenciado por outras unidades. “Em média 70% dos produtos vendidos vêm dos entrepostos de Ribeirão Preto e de São Paulo”, conta a gerente.

Os 30% restantes acabam tendo uma importância no dia a dia da própria área de influência do CEFRA, pois vêm de pequenos agricultores locais. “Conseguimos atender esses produtores rurais, garantir sua subsistência e trazer alimento diretamente do campo para as famílias da cidade”. Um total de 41 permissionários trabalham em seus 24 boxes e 76 módulos.

Aliás, veio de quem comercia na unidade uma ideia que agregou variedade de produtos vendidos. “Desde 2019 contamos com o comércio de plantas. Um único permissionário fez um grande investimento em nossa unidade e instalou uma estufa para venda de mudas e flores. Em 2022, ele fará ampliação de sua área comercial”, conta Ana, que já acumula 17 anos de experiência na unidade, entre estágio e já como concursada.

Entre os impactos na unidade ao longo de sua existência, um foi pronunciado na primeira década deste século. “Comecei a trabalhar aqui em 2004, como estagiária, e fazia pouco tempo que a CEAGESP havia retomado a administração, que até então estava concedida à antiga empresa Pró-Ceasa”, conta Ana Cláudia, que à época estagiou na administração. Devido à situação, o entreposto acabou passando por momentos difíceis até no fazer administrativo. “Só tinha um gerente, emprestado de outra unidade, e ele fazia serviço tanto operacional quanto administrativo. A gente não tinha nem computador e era tudo feito bem manual”, conta Ana. As dificuldade atingiam inclusive partes essenciais ao funcionamento, como saber os modelos de documentos internos, além da falta de funcionários. “Tivemos de começar os contratos de autorização de uso do zero”.

Anos após esse período tenso, Ana tem como gerente desafios operacionais importantes. Sobre ser mulher em ambiente predominantemente masculino, ela não teve maiores problemas. “Como estou aqui há anos, todos me conhecem e me tratam com muito respeito. Vários vieram me felicitar quando assumi a gerência”, conta Ana Cláudia. “Claro que há comentários não muito legais, entretanto procuro não dar ouvidos ou estender o assunto para além do necessário”, completa. “Na verdade, o desafio de ser gerente e mulher não é lidar com os permissionários, mas com os prestadores de serviço”, conta a gerente.

Durante sua gestão, surgiram desafios operacionais importantes. “Estamos conseguindo aos poucos melhorar a parte estrutural. Conseguimos reformar o banheiro masculino e está em andamento a reforma do banheiro feminino e a construção de um banheiro com acessibilidade, reivindicação dos permissionários”. Para o futuro próximo, a questão principal é o asfalto.

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