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O dia era 10 de março de 1983 e eram realizados os preparos para a inauguração da unidade piracicabana (CEPIR). O entreposto, feito com compostos pré-fabricados, foi erguido em pouco mais de um ano. Naquele dia a preocupação de Isaías José da Silva, que trabalhou na construção da estrutura desde o ano anterior e fez parte do corpo de funcionários da CEAGESP até abril deste ano, era fixar quatro parafusos em meia hora. “A placa de inauguração fui eu que coloquei”, conta o hoje terceirizado.
Tudo ficou pronto a tempo de o governador paulista da época, José Maria Marin, declarar oficialmente inaugurada aquela unidade. À época, chamava a atenção o quão distante ficava, a aproximadamente 15 km do centro piracicabano. “Vinha para cá quatro anos a pé, depois quatro anos de bicicleta e, depois disso, de moto”, conta Isaías, que morava na vizinha Rio das Pedras e fazia percurso de aproximadamente 5 km.
Pela localização em região rural, ao longo dos anos 1980 a tração animal era uma constante. “Tinha permissionário que tinha carroça”. No meio da zona canavieira do município, também outros meios que não o caminhão eram vistos. “Outros vinham de trator”, completa o ex-funcionário, que começou nos serviços gerais, foi para a segurança e encerrou sua trajetória na manutenção.
Esse uso da força dos animais de carga também se estendeu a outros campos. “Quando inaugurou aqui, não havia coleta de lixo. O gerente tinha uma carrocinha e trazia aqui todo dia. Foram uns dez anos fazendo assim e era normal”, conta Isaías. Os veículos motorizados passaram a ser mais prevalentes na região a partir dos anos 1990.
No começo, uma dificuldade natural nos 6.339 m² de área construída era conseguir um telefonema. “Quando iniciou, era uma época em que tinha de vender um carro para comprar um telefone”, conta Pedro Adamo, técnico operacional e que já foi gerente da unidade entre 2007 e 2012, vindo da unidade de Araçatuba.
Isso se traduzia em três linhas e três telefonistas, com ramais sendo distribuídos nos boxes do único pavilhão, dividido em quatro blocos e 61 boxes. No auge, foram seis linhas disponíveis para o entreposto, cuja movimentação anual atual é de 44 mil toneladas, com média de 3,7 mil toneladas mensais (1,1% do volume total da rede CEAGESP).
Ao longo dos anos, Isaías foi também plantando as muitas árvores frutíferas que estão ao longo do terreno de 120 mil m². “Manga aqui tem que não acaba”, conta. A grande preocupação foi amenizar o calor recorrente nessa região, bem como bloqueio de vento e dos ruídos vindos da Via de Acesso 155/308.
Devido à localização, a rotina era influenciada pelas à época 27 usinas, hoje reduzidas a três. “Na porta da CEAGESP passava treminhão a toda hora”, conta Isaías. A localização afastada do centro piracicabano fez com que os permissionários também desenvolvessem sistemas de entrega, prática que acontece há mais de uma década. A esfera de influência da CEPIR estende-se a 21 municípios próximos e uma estimativa de 1,5 milhão de pessoas atendidas.
Durante esse tempo, “a cidade foi chegando” às redondezas do CEPIR, que também ficou perto de uma das vocações históricas de Piracicaba. “Como as usinas demandam muitos equipamentos pesados, foi surgindo um centro metalúrgico-siderúrgico, conta Pedro. O grosso da urbanização piracicabana ainda está bem a norte do entreposto, mas com o tempo muitas empresas que trabalham com metais foram se instalando nas redondezas.
Isso aconteceu de uma forma consequente. “O plano municipal já previa isso”, conta Pedro, que também já foi presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural local, uma das entidades nas quais a CEPIR tem assento. Além dele, também o entreposto tem seu lugar no Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, bem como no Instituto Piracicabano de Planejamento e Pesquisa, este último tendo papel importante no plano diretor municipal.
A proximidade com o governo municipal também se reflete nas feiras livres. “A prefeitura mantém 35 varejões e nossos preços balizam esse comércio”, conta Pedro, que também ressalta a parceira histórica com a Secretaria de Agricultura municipal.
Para Adenilson Teles, atual gerente do entreposto e funcionário da CEAGESP desde 2006, são vários os desafios. Um deles já foi cumprido e aprimorou o Banco CEAGESP de Alimentos local. “Geralmente trabalhávamos muito em cima das entidades que vinham buscar e agora temos toda quarta-feira trabalho de separação junto aos permissionários e fazemos sacolas para uma média de cem famílias toda semana”, conta.
Outro diz respeito à clientela da unidade e já teve apoio do diretor presidente, coronel Mello Araujo, quando esteve em visita e falou com os comerciantes do CEPIR. “Queremos manter os permissionários que estão e buscar novos clientes, além de novos compradores”, conta. “Precisa ter dos dois lados e é uma briga constante nossa. Estamos em um trabalho de redução de custos”. Naquilo que vem sendo estudado, está um estreitamento de relacionamento com produtores rurais e com os supermercados locais.
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