Com 40 anos completados em 23 de janeiro, o entreposto de Araçatuba (CEARB) tem área total de 37.230 m², com 3.192 m² construídos. Suas médias mensal de 1,8 mil toneladas e anual de 67,6 mil toneladas o fazem responder por 0,5% do total de comercialização da rede CEAGESP. Sendo boa parte dedicado a vender frutas, verduras e legumes, tem grande foco no fornecimento a clientes grandes, sendo os principais os supermercados da região.

Isso surgiu pela mudança do perfil de compra na cidade. “A feira aqui era muito forte. Existe hoje só um feirante e os mais fortes hoje são donos de supermercados de bairro. Eles se viram obrigados a mudar”, conta Anderson Braga, que começou o trabalho na unidade aos 16 anos e acumula três décadas de CEARB, tendo ido de funcionário a permissionário e lidando bastante com frutas.

Esse direcionamento também fez os trabalhos ficarem bastante concentrados na madrugada e na manhã. “Acordo 2h20. Quando é 2h40 já estou lá. Se não chegar cedo ao supermercado você perde a venda do almoço, pois dão preferência ao hortifrúti até as 11h30”, conta Anderson. “Nosso mercado abre às 4 horas da manhã, muitos dos permissionários chegam em torno das 2 para começar os trabalhos e costumam encerrar quando acaba a mercadoria ou até umas 11 ou 12 da manhã”, conta Luciane Vidovix Takahashi Morais, recém-empossada como gerente e trabalhando no CEARB há 17 anos.

Essa particularidade fez os permissionários perdurarem com o tempo. “A maioria são os mesmos de 30 anos atrás”, relembra Luciane. “O Depósito Ito aqui em Araçatuba já tem 20 anos”, conta Danilo Franzo, que inclusive relembra a curiosa entrada da empresa no entreposto. “A empresa começou os trabalhos aqui em 2002. Chegou por intermédio da dona Massako, que vende bananas aqui. Um rapaz que operava aqui fechou as portas e não ia mais trabalhar”, conta, recordando inclusive o difícil início das operações locais de uma empresa que tem operações no entrepostos de Bauru e São José do Rio Preto e nas frutas exóticas um ponto forte. O CEARB tem 35 permissionários, que se dividem em 17 boxes, 34 módulos, uma loja e duas áreas de flores.

Com o atacado sendo prioridade, ficou facilitado o tráfego de caminhões maiores, incluindo carretas refrigeradas. “A gente não tem o fluxo de pessoas comprando, então sobra esse espaço”, conta Anderson. O grau de fidelização obtido com os  clientes pessoa jurídica também fez na prática os boxes funcionarem um pouco como estoque desses muitos supermercados e alguns restaurantes, que dão ordens de compra bem próximo ao momento em que precisam dos alimentos.

A experiência em logística acumulada também expandiu a influência da unidade araçatubense. “A gente atende não só supermercado daqui, mas da região e até de Três Lagoas (MS)”, conta Anderson.

A pandemia também não abalou tanto assim o dia a dia da unidade, pois atingiu mais restaurantes do que supermercados. “O pessoal queria uma boa alimentação: limão, laranja, legumes…”, conta Anderson. Como cada permissionário se especializou em um nicho, também ficou um clima de cooperação entre concorrentes, que por vezes fazem transações entre eles.

O comércio predominantemente para cliente PJ é quebrado na segunda semana de cada mês, com a feira de orquídeas promovida por Mário Luiz de Nadai, permissionário morador de Arealva que cultiva esse tipo de planta e também opera no entreposto bauruense. “Tinha muitos permissionários que trabalhavam com flores. Eles pararam e eu continuo até hoje”, conta o comerciante, que elogia os dirigentes ao longo dos anos e relembra da clientela que conquistou. “É uma planta que tem um público muito grande que coleciona e a gente sempre procura ter novidades”, relembra. Essa feira, ao longo dos meses recentes, tem tido aumento de público a cada edição.

Luciane, em seu curto tempo de gerência, agradece a seu antecessor, que ficou 40 anos na CEAGESP. “Tive a oportunidade de ser colega do Wanderley Pereira da Silva Jr., que praticamente me ensinou a trabalhar em uma grande empresa, com todos os seus procedimentos e normas. Pude absorver ao máximo a experiência dele”, conta. Entre os projetos dos quais herda o legado, está o mutirão de limpeza e corte de grama feito em parceria com a prefeitura local e sem custo para a CEAGESP.

Ao longo desses anos, ela também esteve na organização do Banco CEAGESP de Alimentos local, que entre 2004 e 2020 funcionou em parceria com a ONG Cereal. Hoje em dia, o BCA local funciona toda segunda, quarta e sexta, atendendo principalmente moradores próximos. “Estamos localizados no entroncamento de uns três bairros de condomínios populares, com muitas famílias carentes”.

“Um dos meus projetos é reativar as parcerias com escolas e faculdades de nutrição e engenharia de alimentos para melhorarmos o atendimento ao pessoal carente”, conta, mencionando as orientações sobre higiene e melhor preparo da comida.

Outro ensinamento que a nova gerente teve foi dos eventos. “Trabalhávamos até a noite, fosse nas palestras de alimentação, como na feira agropecuária em que participamos de 2005 a 2019, com estande montado por nós para a divulgação dos serviços prestados aos produtores”, relembra Luciane sobre as oportunidades de atrair os produtores rurais a uma unidade que ao longo dos anos sempre teve boa ocupação de seus boxes. “Estamos ao lado do recinto de exposições da cidade, onde ocorria a feira anualmente e que frequentei desde criança”, conta a gerente, torcendo pela volta do evento quando a pandemia terminar.

Para o futuro, os planos mais imediatos são os de recuperar instalações do CEARB. “Vou identificar as necessidades imediatas, ouvir os permissionários e ir adequando conforme as possibilidades”, conta. “Por eu ser vegetariana, acho que Deus me preparou o lugar certo para trabalhar e me sinto agradecida”, cita, mencionando a beleza e o colorido dos alimentos comercializados na unidade.

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